1.4.11

o brilho que davas aos meus dias era tão singular que agora, como consequência disso, eles não brilham. como consequência disso, tinhas um papel singular na minha vida que eu sei que nunca ninguém te poderá substituir. ás vezes gostava que não nos tivéssemos unido tanto pois não teria que sofrer tanto com a tua partida, mas depois lembro-me de tudo pelo que passámos e todos os esses pensamentos desvanecem-se porque, afinal, não fazem sentido nenhum; é apenas a dor a falar. mas a verdade é que custa, ter de lidar com esta dor, todos os  dias, esta dor que tu causaste por meros erros. eu sei disso, eu sei que lutaste com garras e dentes para não me cometê-los. com isto, também lidas tu com dor, mas com uma dor diferente da nossa. a tua dor é maior, abrange mais pessoas, mais momentos, mais anos e mais milhares de coisas. a tua dor é a saudade de tantas pessoas, é a saudade da tua casa e da tua cidade, é a saudade de todos os minutos da tua vida em Portugal, isto no é o que eu penso. e a tua dor ninguém percebe, esforçamo-nos, mas não entendemos, porque ninguém está na tua pele. aliás, quem me dera estar na tua pele para não teres de passar por isto. tu és meu pai e a minha obrigação é proteger-te, por isso, quem me dera ser eu a estar aí e não tu. não gosto de saber que tenhas de lidar com essa dor que dói mais do que a minha e de todos. ter de lidar com a minha dor é difícil, mas ter de lidar com o facto de  tu sofreres? dói mais, custa mais, mata-me ainda  mais. é frustrante ver-te sofrer e não poder fazer nada. foste obrigado a passar por isto tudo e eu não pude fazer nada! por muito apoio que tivesses , eu sinto que sempre estive de braços cruzados. e essa é a pior dor com que eu posso lidar. mas por ti, aguento. aguento tudo porque estás numa posição pior. 
a tua dor está a acalmar? sempre acreditei que o tempo cura tudo.. se bem que, para esta dor, o tempo é indefinido. e penso que posso falar por ambas. espero que doa menos. espero que os teus dias comecem a ganhar cor, mesmo que o Sol pareça que já não brilha da mesma maneira. a verdade é que ele está igualzinho, só tens de aprender a vê-lo brilhar outra vez. vai parecer sempre que brilha de uma maneira diferente, pois a tua perspectiva, o teu ângulo de visão é diferente. mas ele vai brilhar sempre. e nos dias que não brilhar, pensa em mim e volta a olhar para o Sol: sou a sorrir por ti, a desejar-te que o dia te corra bem e que o tempo passe a correr para te voltar a ver. esse Sol, é o meu sorriso e o brilho nos meus olhos, cheios de esperança que tudo a volte a ser igual pai. e como tudo na vida, é uma questão de tempo. e, com o tempo que nos separou, aprendi a ver o Sol a brilhar, e esse Sol foste e és tu. agarro na metade do nosso coração que está num fio fino pendurado ao meu pescoço, e acredito que tudo vai correr bem. e não é que a dor abranda? a dor abranda quando penso em ti. e como penso muito em ti, a dor não dói muito. mas depois há momentos piores onde a dor vem ao de cima e dói como nunca nada tinha doido porque nunca me tinham tirado nada com tanto valor como tu.  ficarei à espera do dia em que nos voltemos a (re)encontrar. talvez no verão como acontece de vez em quando , ou talvez quando for ter contigo a esse teu país que agora deves considerar nacionalidade !
nasci nos teus braços e mesmo que a distância tenha levado algumas coisas , de ti eu nunca me vou esquecer $;

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